domingo, 27 de fevereiro de 2011

Gordura boa, gordura ruim (Dr. Alessandro Loiola)


Gorduras Saturadas, Monoinsaturadas, Poliinsaturadas, Hidrogenadas, Trans, Ácidos graxos essenciais


Sou um sujeito do século passado e desde a tenra infância ouço notícias assustadoras sobre os malefícios da gordura.

Foi com algum assombro que, quando iniciei os estudos em medicina, descobri que viver com gordura pode ser ruim, mas viver sem ela é péssimo.

Péssimo não: inviável.

As gorduras servem de base para a formação de diversos hormônios no seu corpo, inclusive os hormônios sexuais.

Alguém completamente livre de colesterol seria tão dinâmico e sedutor quanto uma tartaruga com cãibra.

As gordurinhas dão às mulheres aquele tempero que só quem aprecia um bom churrasco na brasa sabe o que é - ou você conhece alguém que vai ao rodízio seduzido pelos alfaces e repolhos? Magra já basta a carteira.

Precisamos das gorduras. Elas são vitais para o bom funcionamento do organismo e dos biquínis no verão.

Mas a vida é um prato de conhecimento temperado com equívocos, que os experts comem acompanhada de um vinho chamado Equilíbrio.

Por isso, você deve sempre separar o joio do trigo. Melhor dizendo, a gordura boa da gordura ruim.

Os Triglicerídios são a principal forma de gordura que circula no seu corpo e na sua dieta.

Além de serem uma excelente fonte de energia, eles permitem que o organismo aproveite com maior eficiência as proteínas e os carboidratos ingeridos.

Apesar deste currículo favorável, o excesso de Triglicerídios PODE ENTUPIR SUAS ARTÉRIAS e desencadear uma série de doenças cardiovasculares.

Conhecer bem os principais tipos de gorduras deveria ser uma matéria obrigatória nas escolas, faculdades e cursos pré-nupciais - dizem que a melhor maneira de uma mulher perder 90 Kg de gordura inútil é divorciando-se dela...

Como você provavelmente perdeu algumas dessas oportunidades, vou lhe dar uma colher de chá.

Veja a seguir as principais gorduras que você irá comer hoje e como elas afetarão sua saúde:

Gorduras Saturadas

São as piores. Estas gorduras são sólidas à temperatura ambiente. Aquela gordura de porco assassina que sua avó tinha guardada na cozinha ou a faixa da picanha que causa arrepios nas suas coronárias são bons exemplos.

Quando observadas em nível molecular, as gorduras saturadas contém o número máximo possível de átomos de hidrogênio (daí o termo "saturadas").

Se você quer bater o recorde do infarto mais rápido deste lado da Via Láctea, basta levar uma dieta rica em Gorduras Saturadas.
Gorduras Monoinsaturadas

Em geral líquidas à temperatura ambiente, as gorduras monoinsaturadas reduzem os níveis de colesterol LDL, considerado o colesterol ruim.

As Gorduras Monoinsaturadas são o tipo de gordura que você deve adicionar mais à sua dieta.

O AZEITE DE OLIVA é representante mais famoso deste grupo. ABACAATE e AMENDOIM também são alimentos ricos em gorduras monoinsaturadas.

Gorduras Poliinsaturadas

As Poliinsaturadas reduzem tanto o colesterol LDL quanto o colesterol HDL - e isto não é legal.

Em última análise, são os níveis de colesterol HDL que determinam seu risco para doenças cardiovasculares: não basta ter baixos níveis de Colesterol Total, você PRECISA TER ALTOS NÍVEIS DE COLESTEROL HDL para se proteger.

Os alimentos ricos em Gorduras Poliinsaturadas incluem os ÓLEOS DE GIRASSOL E DE MILHO.

Gorduras Hidrogenadas

Durante o processo de hidrogenação, as gorduras poliinsaturadas ou monoinsaturadas recebem átomos adicionais de hidrogênio para aumentar seu tempo de vida útil.

Este processo industrial transforma as gorduras hidrogenadas em gorduras saturadas - e você ainda se recorda que este é o pior tipo, certo?

Quando você se deparar com o rótulo de um produto que diz "contém gorduras HIDROGENADAS", isto significa que aquele produto contém uma boa quantidade de gorduras SATURADAS e TRANS.

Saia correndo e lave imediatamente as mãos com água benta.

Gorduras Trans

Também chamados Ácidos Graxos Trans, são uma forma de gordura capaz de AUMENTAR OS NIVEIS de LDL (colesterol ruim) e reduzir os níveis de HDL (colesterol bom). Ou seja: o pacote completo para desequilibrar sua pressão e aumentar o risco de ter um derrame.

Os ácidos graxos trans sempre estiveram presentes na nossa dieta, mas nunca em níveis tão alarmantes.

A Gordura Trans pode ser encontrada em grandes quantidades em MARGARINAS, BISCOITOS, PACOTES DE BATATINHAS FRITAS, SALGADINHOS e inúmeros outros alimentos industrializados.

ÁCIDOS GRAXO ESSENCIAIS

Existem 2 ácidos graxos essenciais: os famosos Ômega-6 (ácido linoleico) e Ômega-3 (ácido linolênico).

Você já deve tê-los visto em propagandas na TV e programas de debate: eles estão onde quer que tenha alguém falando sobre redução do risco para hipertensão arterial, derrame, angina e tromboses.

Os Ácidos Graxos Essenciais são um santo remédio para o seu coração.

As principais fontes de Ômega-6 e Ômega-3 incluem peixes, cereais e óleos vegetais (girassol, milho, linhaça, soja e algodão).

Os ácidos graxos essenciais também podem ser encontrados na forma de suplementos alimentares ou adicionados a diversos alimentos.

Créditos:
© Dr. Alessandro Loiola
Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante e autor de Vida e Saúde da Criança e Obesidade Infantil (www.editoranatureza.com.br). 

Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Folato, Vitamina B6 e Vitamina B12. diminuem o nível de cisteína no sangue e previne doenças cardiovasculares


Homocist
eína
a: 07/06/2004

As doenças cardiovasculares, pelo fato de constituírem uma das principais causas de morte em todo o mundo, têm sido muito estudadas com o intuito de analisar suas causas e desenvolver novas formas de prevenção.
Atualmente, o estudo da homocisteína merece destaque, pois há uma relação entre seus níveis elevados no sangue e a chance aumentada de problemas cardiovasculares.
O que é homocisteína?É um aminoácido (produzido após a digestão de carnes ou laticínios), que em excesso no sangue, provoca aumento do risco de coágulos e entupimento das artérias, além de contribuir para a formação de depósitos de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, aumentando sua rigidez e dando origem à chamada aterosclerose. Isso, no futuro, poderá provocar infarto do coração e derrame cerebral.
Por que é importante acompanhar os níveis de homocisteína?
 
Da mesma forma que o colesterol alto, o nível de homocisteína elevado no sangue aumenta o risco de doenças coronarianas (do coração), podendo evoluir, inclusive para o infarto, até mesmo em pessoas jovens.
Como controlar o nível da homocisteína no organismo?
A homocisteína é medida através de um simples exame de sangue.
Um nível de homocisteína saudável é menor do que 12 mol/L. Um nível maior de 12 µmol/L é considerado alto. Se você não tem maiores riscos para doença cardiovascular e não tem aterosclerose, não há problemas em ter um nível de homocisteína entre 12 e 15 µmol/L.
Porém, enquanto há estudos em andamento sobre o assunto, é melhor ter os níveis de homocisteína dentro dos limites normais, devido ao risco de doenças cardíacas.
Como abaixar os níveis de homocisteína.
Comer mais frutas e vegetais (especialmente os de folhas verdes), pode ajudar a baixar os níveis de homocisteína, aumentando a quantia de folato em sua dieta. As fontes de folato são: cereais, lentilhas, aspargus, espinafre e a maioria dos feijões.
Se o ajuste na sua dieta não está diminuindo o suficiente o nível de homocisteína, o seu médico vai te orientar a tomar folato, além de Vitamina B6 e Vitamina B12.
Lembre-se
Se os níveis de homocisteína de seu organismo forem altos, você deverá fazer a checagem regularmente, ou seja, de 2 a 3 vezes no ano.
Recomendações
  • Além dos fatores genéticos, que podem estar relacionados aos altos níveis de homocisteína no sangue, os estudos apontam para as deficiências de vitaminas do complexo B (B6, B12) e de ácido fólico no organismo.
  • Os altos níveis da homocisteína podem ser evitados com uma dieta adequada em ácido fólico, que é um tipo de vitamina presente em vegetais de folhas verdes, gema de ovo, germe de trigo, carnes magras, suco de frutas cítricas e cereais.
  • Não se deve esquecer que, para a prevenção das doenças cardiovasculares, todas as medidas geralmente citadas, como praticar exercícios físicos e deixar de fumar, são fundamentais.
Editora responsável: Dra. Elisabete Almeida - drabetty@lincx.com.br

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Freio na deterioração cardíaca Projeto de pesquisa conjunta entre cientistas da USP e do MIT, apoiado em chamada da FAPESP, busca na engenharia de tecidos uma solução para a recuperação de doenças isquêmicas (TCD)

Especiais

9/2/2011

Por Mônica Pileggi

Agência FAPESP – Um infarto do miocárdio pode acarretar ao paciente um dano tão grande que o restabelecimento do fluxo sanguíneo por meio de técnicas convencionais talvez não seja suficiente. Para reparar tal estrago, seria necessário criar novos vasos ou até mesmo substituir o tecido danificado.
Esse é o desafio que José Eduardo Krieger, diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração (InCor) e professor titular em Genética e Medicina Molecular do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e sua equipe enfrentarão ao lado de um grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

Trata-se do projeto de pesquisa, "Injectable biopolymers and cells therapy: improvement of cardiac repair after myocardium infarction"aprovado em chamada realizada pela FAPESP em parceria com o MIT.

A ideia do intercâmbio é desenvolver alternativas para inibir ou ao menos retardar a deterioração das células do tecido cardíaco após o infarto do miocárdio. “O tratamento evitaria novos infartos e reduziria o tempo de recuperação do paciente”, disse Krieger à Agência FAPESP.
Hoje, ao sofrer um infarto do miocárdio, uma pessoa pode ser submetida a três tipos de tratamentos. Dependendo do quadro clínico, o médico pode optar pelo uso de medicamentos ou pela hemodinâmica, na qual é inserido um balão ou stent na artéria por meio de um cateter. Outro procedimento é a vascularização cirúrgica ou, em alguns casos, o especialista pode recorrer à combinação dos tratamentos.
“A nova técnica utiliza o conceito de engenharia de tecidos para combinar células e uma matriz biopolimérica para prevenir a morte das células próximas ao infarto e ao mesmo tempo estimular a formação de novos vasos”, explicou Krieger.
“As células injetadas com os biopolímeros têm maior chance de permanecer no local, como se estivéssemos utilizando uma cola. Além disso, os biopolímeros agem como potentes biorregulatórios e secretam fatores que poderão contribuir para o processo de reparação do tecido danificado”, completou o professor Elazer Edelman, do Centro de Engenharia Biomédica do MIT-Harvard, parceiro no projeto.
O grupo está desenvolvendo uma mistura gelatinosa que permite reter as células no local desejado, dentro do miocárdio ou em seu entorno, além de estimular fatores de crescimento nas células residentes.
Em linhas gerais, esses biopolímeros funcionam como uma espécie de cola. “Os benefícios dessa técnica seriam uma recuperação mais rápida da pessoa que sofreu o infarto e o restabelecimento da função do miocárdio”, disse Krieger.
Com esses plásticos biológicos feitos a partir de fibrina ou colágeno (retirados do próprio paciente) ou materiais sintéticos, os pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil esperam estimular a formação de novos vasos e, ao mesmo tempo, reduzir o processo da fibrose.
“O mecanismo ainda não foi totalmente elucidado. Precisa ser mais investigado. Mas podemos adiantar que a melhora associada à fibrose e a preservação da forma e tamanho do ventrículo permitem especular que há influência da sinalização parácrina nesse processo”, afirmou Edelman. A sinalização parácrina é um tipo de sinalização que tem como alvo apenas as células que estão na vizinhança da célula emissora do sinal.
Experiência e mobilidade
Krieger conta que a ideia do intercambio surgiu antes do lançamento da chamada da FAPESP, uma vez que conhece Edelman desde os anos 1990, quando cursaram juntos o pós-doutorado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Em meados de 2010, incentivada por Krieger, Ayumi Miyakawa, sua assistente no Incor, foi selecionada para estagiar no laboratório dos professores Edelman e Petter Libby no Brigham Women’s Hospital, em Harvard, em um programa da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A ida de Ayumi estava prevista para durar apenas um ano e ela seria a única a participar do programa. Com a chamada da FAPESP, o escopo da pesquisa ampliou.
“Os programas oferecidos pela Harvard em conjunto com o MIT são muito impactantes, pois trazem expertises que geralmente não se combinam espontaneamente. Com o intercâmbio FAPESP-MIT, a mobilidade de pesquisadores aumentará”, disse Krieger.
No laboratório do MIT, os cientistas estão priorizando experimentos com células humanas. No InCor, os testes são realizados com células de suínos. O grupo de Krieger observou que, ao serem injetadas no coração, as células mesenquimais (importantes na formação de novas células) derivadas do tecido adiposo do porco são capazes de prevenir a deterioração das células no modelo de isquemia cardíaca – isso, em ratos.
Agora, a equipe brasileira está testando a mesma hipótese no modelo suíno, considerado o mais próximo do humano. Krieger destaca que tanto o uso de biopolímeros como a terapia celular não são mais invasivos do que os tratamentos convencionais.
“Durante a recuperação, se o paciente possui uma massa de tecido cardíaco muito grande, ele pode progredir para um quadro de insuficiência cardíaca. E é isso que desejamos inibir ou, pelo menos, retardar”, afirmou.

Mais informações sobre a chamada FAPESP-MIT: www.fapesp.br/acordos/mit